As joias sustentáveis
por Aline Vecino
Sob o holofote da noite do Oscar de 2020 a atriz Jane Fonda brilhou, em todos os sentidos. Ativista de longa data ela fez questão de mostrar suas joias “recicláveis” aos milhares de seguidores em seu instagram. Citou a joalheria Pomellato e discorreu o porquê da escolha. “No Oscar, usando joias Pomellato porque a empresa usa apenas ouro responsável, colhido eticamente, e diamantes sustentáveis” esclareceu aos fãs. A empresa italiana é conhecida pela ética na compra e venda de gemas e diamantes e a utilização de ouro ecológico. No site oficial há um espaço reservado explicando todo procedimento e transparência da marca.
O modelo do conceito sustentável é datado desde agenda 21 e Eco 92 entre outras conferências já realizadas pelo mundo. Os clientes estão cada vez mais exigentes e pedem uma nova postura das empresas principalmente em relação ao mercado de luxo. Recentemente o Brasil viveu uma experiência trágica. O caso das barragens de Brumadinho e Mariana é um exemplo do que acontece em áreas de mineração. E não é diferente dos rejeitos industriais das joalherias o que gera também uma mobilização no ramo. A joalheira brasileira Ana Khouri é uma grande defensora e divulgadora das joias sustentáveis. Na fabricação de suas peças o ouro é fornecido e certificado pela Fairmined. Na extração de ouro sustentável não há utilização de produtos químicos tóxicos como mercúrio e cianeto em nenhum dos processos realizados. No Brasil a AMAGOLD (Americas Gold Manufacturers Association) certifica e garante o teor e a procedência do ouro.
Além do ouro ecológico a preocupação prolonga-se ao comércio de gemas e minerais. O filme estrelado por Dicaprio em Diamante de sangue lançado em 2007 relata os perigos do garimpo e do mercado ilegal de diamantes. O Certificado Kimberley (Kimberley Process Certification Scheme), ou KPCS foi criado para combater este tipo de situação muito comum em zonas produtoras de gemas preciosas. Na verdade é uma tentativa de legalizar a compra e venda de diamante bruto. As empresas que possuem este certificado asseguram o desejo de não aceitarem gemas que vem de áreas conflitantes assim não fomentando ainda mais as guerras civis entre outros problemas gerados. O código da origem de um diamante apenas será perceptivo com um microscópio sendo escrito na cintura onde não interfere nem na pureza e nem no fogo do diamante.
No ramo da joalheria podemos ainda destacar outros nichos que reverberam sobre sustentabilidade:
• Ecojoias são peças produzidas provenientes de material descartável, reciclado ou ainda refugos industriais. Materiais inusitados com acabamentos e estéticas de joias estão abrindo espaço para uma joalheria nova e sustentável. O termo mais moderno em voga é upcycling significa a capacidade de aproveitar descartes para redesenhar novos produtos sem desperdiço de energia.
• Biojoias são peças produzidas com matéria-prima obtida da natureza. Alguns materiais utilizados são sementes, fibras sisal, capim dourado, frutos secos, madeiras, marfim vegetal etc. estas são confeccionados junto aos metais nobres. Geralmente a extração destes elementos acontece de forma sustentável sendo trabalhadas com a própria riqueza regional beneficiando e valorizando as raízes culturais do povo brasileiro. Exemplos de designers: Maria Oiticica e Amarjon.
* O termo eco-friendly se refere a algo ou a produtos que não causam danos socioambientais ou apresentam pouco impacto em comparação aos processos tradicionais.
Sobre a Autora
Aline Vecino é formada em Design de Joias pela Panamericana de Artes e é técnica em publicidade pelo Senac. Certificada profissionalmente pelo sistema de cores NCS (Natural Colour System©). Há 8 anos elabora projetos e coleções para o comércio de joiase folheados. Atualmente desenvolve materiais educacionais para os profissionais e estudantes do setor.